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Comunicação não violenta no contexto organizacional: O que é, quando usar e seus benefícios

Tempo de leitura: aproximadamente 4 minutos.

    Criada pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg na década de 1960, comunicação não violenta é uma ferramenta para lidar com conflitos em diversos ambientes. Fundamentalmente, tal ferramenta se baseia, segundo Rosenberg (2006), em “[…] habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas”. Dessa maneira, exploraremos a importância da  aplicação dessa maneira de dialogar e seus impactos no ambiente organizacional.

   Ao lidar com o ambiente de trabalho, lidamos, essencialmente, com pessoas que possuem suas singularidades e, portanto, convergem e divergem em diversos aspectos. Nesse sentido, é impossível que em uma equipe, eventualmente, não entrem em conflito. A comunicação não violenta, portanto, se torna um potente instrumento para lidar com as adversidades de forma respeitosa consigo mesmo e com toda os membros do grupo.

Foto/Reprodução: Freepik

Resolver e evitar conflitos: o que é a assertividade?

   Quando pensamos em conflitos, a imagem mais comum é a de desentendimentos explícitos, como discussões acaloradas ou confrontos diretos. No entanto, muitos conflitos não são tão evidentes. Eles podem se manifestar de formas silenciosas, como pequenos gestos de indiferença, falta de escuta, posturas passivo-agressivas ou até mesmo pela ausência de comunicação. Portanto, é essencial reconhecer que, mesmo implícitos, os conflitos existem e afetam profundamente as relações de trabalho.

      Seguindo essa linha de raciocínio, a única forma de erradicar os conflitos inerentes ao trabalho em equipe é lidando com tais adversidades e chegando em uma resolução que atenda às necessidades de toda a equipe. É aí que a assertividade entra em cena.

     Segundo Martins (2017) “o comportamento assertivo é ativo, direto e honesto, transmitindo uma impressão de autorrespeito e respeito pelos outros”. Dessa forma, a postura assertiva não se esquiva de impasses, mas lida com eles de maneira respeitosa em duas vias: consigo mesmo, compreendendo suas limitações e vontades, e com o outro, de maneira empática e não-agressiva.

   A CNV, por fim, se mostra como um potente caminho para uma postura assertiva no ambiente organizacional. Fundamentando-se em dois pilares principais, a expressão honesta e a escuta empática, tal instrumento pode ser uma saída para os conflitos não-ditos e dores ocultas que afetam o trabalho em equipe e as relações interpessoais da sua organização. 

Os quatro componentes

A comunicação não violenta de Rosenberg propõe quatro componentes principais: a observação, o sentimento, a necessidade e o pedido. No entanto, não devem ser tomados necessariamente como etapas que tornam a comunicação automática, como uma receita de bolo, mas sim suportes para orientar nosso discurso de forma simples e objetiva. Dessa maneira, a CNV é baseada, essencialmente, em comunicar as observações de um dado contexto, nossos sentimentos e necessidades em relação ao que foi observado, e os nossos pedidos para o outro, com um viés resolutivo.

  1. Observação: todo conflito se dá a partir de um determinado contexto. A observação, nesse sentido, é o momento de abertura da comunicação, no qual dizemos ao outro e esclarecemos o seu ponto de vista – a partir de perguntas – sobre a situação que culminou tal adversidade. Esse momento, portanto, deve se fundamentar em ações da concretude que contribuem para o nosso não bem-estar, e não em julgamentos, inferências ou referências a situações passadas. Portanto, tente descrever a situação imaginando que qualquer pessoa que observou o conflito o descreveria da mesma forma.

 

  1. Sentimentos: devemos comunicar, também, o que sentimos em relação à situação. Dessa maneira, é importante que, no discurso, nos responsabilizemos por nossas reações ao dado contexto, já que estão ligadas a necessidades, desejos e expectativas particularmente nossas. Portanto, é importante expressar os nossos sentimentos de maneira honesta, mas reconhecer que, na maioria dos casos, foram ocasionados pois nossas necessidades não foram esclarecidas.

 

  1. Necessidades: segundo Rosenberg, os sentimentos são criados por necessidades, valores, expectativas, desejos e pensamentos inerentes à experiência humana. Dessa forma, é fundamental o exercício de correlacionar nossas emoções a necessidades e comunicá-las  ao interlocutor. Portanto, definir com clareza o que é importante, ou até essencial para nós, é estabelecer limites em uma relação e torná-la mais harmoniosa.

 

  1. Pedido: para que haja resolução, é preciso que sejam comunicados pedidos, ou seja, ações concretas que eu gostaria de receber para que o conflito seja resolvido e as relações interpessoais sejam mais saudáveis. O pedido, nesse sentido, deve ocorrer como uma solicitação para contemplar as necessidades de todas as partes da relação, o que significa que nunca deve ocorrer como um tom de ordem. Portanto, o conflito é resolvido a partir do esclarecimento objetivo, sem rodeios, do que precisamos para manter uma relação menos conflituosa.

 

No âmbito organizacional: quando usar e quais os benefícios?

No ambiente de trabalho, a comunicação não violenta pode ser utilizada em diversos contextos. Dessa forma, aqui vão alguns exemplos de quando usar e os benefícios em cada contexto:

  1. Feedbacks: os feedbacks podem ser mais assertivos e respeitosos com o uso da técnica, de forma com que ele seja melhor recebido, criando uma cultura organizacional de respeito e promovendo o desenvolvimento da equipe;
  2. Reuniões de alinhamento: a CNV promove uma comunicação mais clara com a equipe, alinhando as necessidades da organização com os objetivos dos membros de forma mais eficiente;
  3. Liderança: as lideranças podem utilizar o instrumento para construir uma relação mais horizontal com os membros, criando um ambiente mais acolhedor, onde todos se sentem ouvidos;
  4. Tomadas de decisão: nos momentos em que é preciso negociar partes de uma relação para chegar em uma decisão, a CNV pode ser utilizada de modo a contemplar as necessidades de todos os envolvidos, promovendo as relações de ganha-ganha;
  5. Gestão de equipes: quando há necessidade de alocar tarefas aos membros da organização, a ferramenta pode ser utilizada para que a delegação de atividades seja feita de modo a levar em consideração os interesses de cada um e, dessa maneira, promover um maior engajamento na realização das atividades.

Por fim, fica claro que a comunicação não violenta é uma potente ferramenta para um ambiente organizacional mais harmonioso. Na Humanus, oferecemos treinamentos sobre Comunicação não violenta a fim de capacitar a sua equipe a utilizar tal ferramenta e tornar o diálogo mais respeitoso e assertivo.

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Conteúdo por:  Vinícius Lopes Lázaro – coordenador de Inteligência de Mercado